Senhores Passageiros
Alguns rapazes avançam mais depressa
para a morte, mas todos se debatem
com a vida que lhes resta. Às voltas
no cimento das cidades, entre
a estrangulada circulação dos veículos,
segredam ao ouvido de um deus
surdo: concede-me um novo amor
igual ao dos meus irmãos. Entretanto
são mais as raparigas que não lêem livros
no venenoso relento das estações
ferroviárias, chupam rebuçados
de menta com fel, suavemente inclinam
a cabeça para ouvir: senhores passageiros
vai dar início à sua marcha o comboio
com destino a Santa Apolónia da escuridão.
para a morte, mas todos se debatem
com a vida que lhes resta. Às voltas
no cimento das cidades, entre
a estrangulada circulação dos veículos,
segredam ao ouvido de um deus
surdo: concede-me um novo amor
igual ao dos meus irmãos. Entretanto
são mais as raparigas que não lêem livros
no venenoso relento das estações
ferroviárias, chupam rebuçados
de menta com fel, suavemente inclinam
a cabeça para ouvir: senhores passageiros
vai dar início à sua marcha o comboio
com destino a Santa Apolónia da escuridão.
Rui Pires Cabral
Longe da Aldeia Averno, 2005
2 COMENTÁRIO(S):
Não conhecia esse poeta. Gostei!
Ainda bem.
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