Não, obrigada.



17 COMENTÁRIO(S)
É impressionante - tanto quanto repugnante - a forma como, a cada aparição - da voz e/ou do corpo - Pedro Paixão insiste, com garbo e descaramento, em declarar que para fazer um filme precisaria unicamente de uma rapariga e de uma arma. Que bonito.
O público, ingénuo ou esquecido, delicia-se muito e ri ainda mais. Aplaude. Como se não se estivesse sequer a usurpar, com alarmante soberba, uma ideia - e de resto, uma, ou aliás, várias concretizações - de dono (re)conhecido e há muito patenteada.

Pedro Paixão é, de resto, o tipo de escritor capaz de me chatear até ao tutano. A cada exibição pública lá insiste ele em expelir repetições das mesmas piadas, das mesmas teses, dos mesmos trocadilhos, sempre com um claro e óbvio - ou não assim tão óbvio - objectivo da angariação de fãs; uma distinta tribo de fãs - de preferência encabeçada por Fernando Alvim, que nos deu já variadíssimas provas em como, pelo menos em matérias literárias, não há muito por onde se confiar no seu gosto - que, sem nunca lhe detectar indício de pretensiosismo, o veja como a coisa literáriamente mais excêntrica desde a ruína do surrealismo, no século passado; que compre os seus livros, os cite, e os recomende mas, sobretudo, o eleve ao estatuto de "culto"; que o tome por uma espécie de Messias ou génio e, quiçá, lhe faculte propostas de blind dates que comecem com telefonemas e terminem em favorecimentos de cariz sexual. ( Ou casamento. Mais um. )

 

17 COMENTÁRIO(S):

Camille at: Saturday, 10 July, 2010 said...

É por isto que Pedro Paixão é também o tipo de escritor que muito ganharia em não se dar com os media. Nunca tivesse o sujeito aparecido na televisão e quiçá pegaria eu, e tantos outros, enganados, um dia, nos seus livros, com o intuito de realmente os ler - de ponta-a-ponta. O ter estado e estar na televisão, na rádio e na imprensa é dar-me a certeza de que não o farei. E de que, cada vez que voltar a aparecer, eu estarei sentada e atenta a ver e a ouvir. Porque Pedro Paixão é o tipo de escritor capaz de me chatear até ao tutano.

Anónimo at: Saturday, 10 July, 2010 said...

Consta que não foi Godard a dizer isso mas sim D.W. Griffith. O Godard apenas o apontou lá nas suas notas.

.anna. at: Saturday, 10 July, 2010 said...

nao posso discordar com mais força.

Camille at: Saturday, 10 July, 2010 said...

Joana, a frase não é atribuída com CERTEZA nem a um nem a outro. No entanto, a difusão dela foi feita maioritariamente pelo Godard - isso é certo. Tão certo quanto não ser do Pedro Paixão.

Anna, é a minha opinião. Sei que há muito quem discorde.

Carlos Lopes at: Sunday, 11 July, 2010 said...

Eu gosto do Pedro Paixão, mas vê-lo no programa do Alvim foi algo doloroso. Não adianta muito dizer seja o que for sobre a história da pistola e da mulher... Todos sabemos que não é dele, e daí o "descaramento" de a usar (o Paixão, não eu) sem qualquer referência a JLG.

No entanto, A Noiva Judia, que se não me engano foi o seu primeiro livro, tem contos maravilhosos, e aquela frase inicial - "Quase gosto da vida que tenho." - é um momento de génio, talvez o seu melhor momento de escrita. Mas gostos são gostos, e discutem-se ;-)

Camille at: Sunday, 11 July, 2010 said...

Da 1ª vez que o ouvi, na rádio e também num programa do Alvim, o sujeito quase me convencia, não fosse eu ter ouvido o programa completo e, do início ao fim, o homem se ter estado a contradizer o tempo todo naquela clara tentativa de ter ditos recordados para a posterioridade e aplaudidos no momento - é um risco que muitas vezes se paga caro. No entanto, acredito que muito boa gente tenha achado aquilo genial.

Menina Limão at: Sunday, 11 July, 2010 said...

:O

mulher, estou banzada: planeava fazer este mesmíssimo post (mas só até ao primeiro parágrafo).

keyser söze at: Sunday, 11 July, 2010 said...

fico feliz por não fazer a minima ideia de quem é esse palhaço. isto de não ter tempo para ver televisão, ouvir radio ou desfolhar um jornal na tasca tem as suas vantagens

Camille at: Sunday, 11 July, 2010 said...

Limão, na realidade a intenção original foi sempre a de me ficar só pelo 1º parágrafo, mas depois apeteceu-me mesmo mesmo um 2º e depois mesmo mesmo um 3º, que como já dava muita extensão à coisa, decidi encaixar nos comentários. Fico feliz, ou melhor, sinto-me acompanhada por haver alguém a compartilhar da opinião. Que cegueira já há tanta.

João, nunca digas nunca, que por acaso, a ti, estava-te mesmo a ver na possibilidade de até engraçar com o sujeito. ;P

A.na at: Tuesday, 13 July, 2010 said...

Eu ainda sou do tempo em que o Pedro Paixão não aparecia na tv ou na rádio ou.... ou... gosto da sua escrita, desconheço o autor. Gosto mesmo muito da sua escrita.

Não sei se é parvo, maluco, se tem a mania, estou-me a cagar pra isso. Uma coisa te garanto: no que escreve não plagia ninguém. E acho que até havias de gostar de ler Saudades de Nova Iorque.

Acho que se perde bastante por não se gostar de determinada pessoa, do facto de ser assim ou assado, e no entanto a obra ser boa e de extrema qualidade. Acontece-me muito, é um dos meus dilemas.

Por isso entendo-te :) ainda que goste de ler o sacana em questão.

Camille at: Tuesday, 13 July, 2010 said...

"E acho que até havias de gostar de ler Saudades de Nova Iorque."?

Miguel Marujo at: Thursday, 15 July, 2010 said...

o problema é o umbigo gigante de um professor que em filosofia dizia as aulas em grego, durante 80 por cento do tempo, e os outros 20 não era para traduzir o grego...

Camille at: Thursday, 15 July, 2010 said...

Miguel,
Enfim. Também foste aluno dele? Relatos de pessoas que tenham tido aulas de Filosofia com ele (na Nova) só conheço um e era de uma completa maravilhada, portanto vacilo. Mas tendo mais a acreditar no teu gosto, se me permites. ;)

Menina Limão at: Thursday, 15 July, 2010 said...

ué, não tinha visto a tua resposta. para que não te surpreendas ao chegar ao meu hall, decidi fazer o post. :) por uma razão muito simples: não dizendo nada de diferente nesse capítulo, nunca foi minha intenção dedicar-lhe um post e ficar-me por aí, mas sim incluído numa nota sobre a televisão portuguesa, cuja verdadeira intenção é acabar a dar um exemplo feliz. de qualquer forma, é muito fixe ter estes sobressaltos nos blogs dos outros. que me lembre, é só a segunda vez que me acontece.

Camille at: Friday, 16 July, 2010 said...

Já tinha dado pela coisa no teu hall, pena que não se possa comentar; como quero, faço-o aqui: muitas vezes não percebo a implicância intrínseca aos discursos acerca da qualidade/escolhas da programação na TV portuguesa, sobretudo ao canal:2. Dou por mim a dispor de uns, sei lá, 100 canais (?)e não passar do segundo. Esse Bairro Alto tem convidados estupendos e o apresentador (que é a cara chapada do papá, não sei se acaso reparaste no nome) é uma fófura tão grande que chega a ficar mal no cenário. Havias de ver quando lá foi o Jacinto Lucas Pires - ali os dois num duelo de fófice que fazia comichão. Já o 5PM tem dias. A Filomena é demasiado estridente e panfletária para o meu gosto, mas há que adore; o Alvim é um parvo do Caralho mas costuma ter os melhores convidados e, acaso não tenha, consegue sempre dar a volta àquilo com certa piada, apesar de, como disse, ter um gosto literário supra-duvidoso (só o facto de apoiar aquele "Manifesto Contra a Racionalidade" OU o Caralho, ui, jazas senhor); o Nilton já teve piada; o da 5ª não sei o nome mas é uma seca e tem lá uma banda de casamento a tocar; e o Boinas - não vale a pena tentar disfarçar - é a secura e a calvície. Basicamente, vejo à terça.
Bem, para não falar das Sessões Duplas, do sábado e daqueles ciclos, volta e meia; das séries; e dos desenhos animados (aquele esquilo inglês de dentes amarelos). Já o Câmara Clara funcionaria melhor com uns óculos de sol. Na apresentadora. (já todos percebemos que tens uns olhos estupendamente Picasso mas agora esquece lá isso, topas milf)

Menina Limão at: Friday, 16 July, 2010 said...

Foi a primeira vez que vi o 5 Para a Meia-Noite e o Bairro Alto, pelo que não posso comentar o que escreveste. Como disse, não tenho hábitos televisivos. De resto, não percebo a tua primeira frase, no sentido em que não percebo se estou a ser alvo de alguma crítica ou não.

Camille at: Friday, 16 July, 2010 said...

Crítica nenhuma, ó ó. Porque raio.

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