in Mad Men, de Matthew Weiner
( Com as devidas supressões. )
Para o Diogo
A juventude - Diogo - é um tom necessário na textura da almofada que mostra-se, muitas vezes, em vincos dolorosos. Ter 20 e picos anos é garantir a fortuna da boa disposição e ter acessos de cólera (...). É a raiva de não encontrar vida nas palavras de um livro, quando se tem a tua idade. Pouco tempo depois, ficamos mais velhos, por várias razões, e o segredo parece ser não viver. Mas como é possível estar morto antes do tempo? Como é possível não sermos contemplados com a ausência de alguém? Não vivendo? Talvez. E se formos o morto fingido que nunca reage às queimaduras do fogão? As cicatrizes permanecem. Até nos mortos que fingem andar por aí. Pequenas coisas: tens pouco tempo para uma vida gloriosa. Aproveita estas folhas que ainda estão nas árvores mas não descanses neste Verão, nem no outro. Vive, enquanto não és um morto vivo a ler a vida em páginas desta biblioteca itinerante chamada poesia.
Rui Pedro Gonçalves
Rui Pedro Gonçalves
Se as coisas não fossem o que são.
Ainda dentro da mesma linha, or : The day kids found the "hipster" word in some Jarmusch's movie.
Let's go downtown and watch the modern kids
Let's go downtown and talk to the modern kids
They will eat right out of your hand
Using great big words that they don't understand
Rococo, Arcade Fire.
O mundo está perdido, todo perdidinho.
Hoje, numa aula, a prof. falava sobre a profusão de imagens no mundo contemporâneo, que de tão excessiva, paradoxalmente, nos cegava. Concordo perfeitamente; já concordava, aliás, antes de ouvir a prof. dizê-lo. É por isto que não gosto nada de Tumblrs. Sigo apenas três tumblrs, sendo que dois não contam e o outro é de alguém conhecido. O Tumblr, geralmente, é um regurgitar regurgitante de imagens. Ora as imagens, quando vistas à velocidade da regurgitação, não têm dimensão alguma. Um tipo no tumblr mete dez imagens por dia no seu blogue. Dez imagens por dia, mais as imagens todas que tivemos que processar, dá muitas imagens por dia, demasiadas imagens por dia. Daí que esses tumblrs e blogues de imagens, geralmente, me aborreçam. São simplesmente blogues de imagens bonitas, e eu gosto da beleza, na verdade sou uma esteta filha da mãe, mas a beleza não me chega, e muita beleza intoxica. E há que educar a capacidade de apreciar a beleza; é preciso um método, e não um sentir tudo de todas as maneiras. Isso só funciona nos poemas do Campos, e funciona porque é uma racionalização, e não o sentir tudo de todas as maneiras propriamente dito, porque se o fosse também não funcionaria. (...)
Do extinto Agarra, que é Brecht.
The Extraordinary Ordinary Life Of José Gonzàlez
The film revolves around the life and mind of musician José González. Using congenial methods; video diary, surveillance camera, concert footage, tour documentation and animation, directors Mikel Cee Karlsson and Fredrik Egerstrand give form to something as elusive as the creative process of one of Sweden’s finest – and most secretive – musicians.
In the film we follow José González through intimate and unique scenes shot during work with the long-awaited second album “In our nature”. In his studio, at home and on tour. Through a diary, based on personal voice recordings we follow his everyday reflections. Thoughts on the photons way from the sun to our eyes, Darwinism, the struggle to write songs. The film gives us an exclusive insight into the, at many times, lonely creative process and of one persons attempt to manage and understand his own existence. The film was shot over a three year period on location in Sweden, Japan, Singapore, United States, South Africa, England, Chile and Argentina.
Director’s Comment
/ There is something absurd, fascinating and beautiful in our attempts to find meaning in our existence. With The Extraordinary ordinary life of José González we wanted to give form to the personal artistic process. How personal reflection and everyday fragments of life shapes our input and output /
The film revolves around the life and mind of musician José González. Using congenial methods; video diary, surveillance camera, concert footage, tour documentation and animation, directors Mikel Cee Karlsson and Fredrik Egerstrand give form to something as elusive as the creative process of one of Sweden’s finest – and most secretive – musicians.
In the film we follow José González through intimate and unique scenes shot during work with the long-awaited second album “In our nature”. In his studio, at home and on tour. Through a diary, based on personal voice recordings we follow his everyday reflections. Thoughts on the photons way from the sun to our eyes, Darwinism, the struggle to write songs. The film gives us an exclusive insight into the, at many times, lonely creative process and of one persons attempt to manage and understand his own existence. The film was shot over a three year period on location in Sweden, Japan, Singapore, United States, South Africa, England, Chile and Argentina.
Director’s Comment
/ There is something absurd, fascinating and beautiful in our attempts to find meaning in our existence. With The Extraordinary ordinary life of José González we wanted to give form to the personal artistic process. How personal reflection and everyday fragments of life shapes our input and output /
[ Obrigada, Gonçalo. ]
My parents in 1970 & 2010, Buenos Aires
Oscar 1978 & 2010, Buenos Aires
Marita & Coty in 1977 & 2010, Buenos Aires
Nico in 1990 & 2010, France
Damian in 1989 & 2010, London
Lulu & G in 1980 & 2010, Buenos Aires
Ben and Dann in 1979 & 2010, London
Lucia in 1956 & 2010, Buenos Aires
Algum dia eu haveria de entrar na normalidade dos que te amam. Amo-te. E dói escrevê-lo (que é pior, meu amor, do que dizê-lo). Amo-te, absoluta, impossível e fatalmente. E ouço, adolescente, uma música adolescente, para me lembrar de ti, porque lembrar-me de ti é lembrar-me que não consigo esquecer-te.
E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor, é música, acústica da alma que se quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos.
Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula (prova maior de que é, realmente uma carta de amor), ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive a coragem de as enviar. Não percebes porque é que não te falo? Ainda não percebes que, na personagem que de mim eu enceno, não cabe a ameaça de uma derrota, a antecipação do desencanto, a sombra de um vexame? Não te falo, para não saber que o que eu te digo é apenas a forma contida de te dizer outra coisa, mas que essa coisa não é do teu mundo, nem do mundo que eu construí, nem do precário mundo que a nossa fragilíssima ternura mútua arquitectou. E tudo isto é literário, eu sei, mas – que queres? -, a literatura é o melhor de mim e é o melhor de mim que vive dentro da minha cabeça quando estou contigo.
E depois, afastamo-nos. Beijo-te a correr, não sei se já reparaste, e quase fujo, porque sair do pé de ti é regressar ao que não és tu, o teu olhar e as tuas mãos, a tua alma e a tua voz, e isso, meu amor, transformou-se no insuportável intervalo entre dois encontros. Esta carta de amor é um excesso (e isso prova superiormente que é uma carta de amor): eu amo não a ideia de amar-te (durante muito tempo, eu julguei que era apenas isso), mas a ideia de perder-me no meu amor por ti. E mesmo amar-te é um excesso, porque tudo aconselharia que eu me limitasse a mitificar-te, que é a melhor forma de evitarmos enfrentar a realidade. Porque a realidade, aqui, é como uma dor difusa, tu sabes como é, um incómodo ainda não localizado, que progressivamente se vai definindo e acertando, até que, insuportavelmente nítida, a sua imagem se nos impõe como uma evidência. A minha dor é que eu comecei a amar-te, sem o saber, durante aquele breve período de tempo em que sair de casa era a promessa reconfortante de ver-te e falar contigo. Eu não sabia, repito, mas o tempo ajudou-me a definir essa pequena dor, tão secretamente pavorosa: cada vez que estou contigo (cada vez mais, meu amor, cada vez mais) é como se a minha vida se virasse do avesso. E é verdade, é cada vez mais verdade, que, quando penso nas coisas que ainda me falta fazer na vida, é em ti que penso. E tenho medo, como um animal que instintivamente foge do que sabe não poder atingir.
Eu penso em ti, ainda mais do que te digo, e tu estás em tudo, mesmo quando não te penso, tu és a grande razão, o horizonte sem nome que constantemente se desenha na minha imaginação de mim. Há uns anos, este seria o momento de desmontar o discurso desta carta, de te mostrar os subtis mecanismos da alma e da máscara, de desdizer ironicamente o que já disse, de insinuar que, afinal, as-coisas-talvez-não-sejam exactamente-assim. Mas as coisas são exactamente assim, e a carta, que poderia transformar-se num confortável exercício paródico, é, inevitavelmente, uma agonia e um embaraço. Esta carta é um acto de puro egoísmo, que eu até talvez nem tivesse o direito de praticar.
É-te incómoda, necessariamente, e isso bastaria para que eu me abstivesse de a enviar, dentro de um envelope azul. Mas o azul fica-te tão bem, e as cores todas ficam em ti como tu ficas no mundo: exactamente.
E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor, é música, acústica da alma que se quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos.
Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula (prova maior de que é, realmente uma carta de amor), ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive a coragem de as enviar. Não percebes porque é que não te falo? Ainda não percebes que, na personagem que de mim eu enceno, não cabe a ameaça de uma derrota, a antecipação do desencanto, a sombra de um vexame? Não te falo, para não saber que o que eu te digo é apenas a forma contida de te dizer outra coisa, mas que essa coisa não é do teu mundo, nem do mundo que eu construí, nem do precário mundo que a nossa fragilíssima ternura mútua arquitectou. E tudo isto é literário, eu sei, mas – que queres? -, a literatura é o melhor de mim e é o melhor de mim que vive dentro da minha cabeça quando estou contigo.
E depois, afastamo-nos. Beijo-te a correr, não sei se já reparaste, e quase fujo, porque sair do pé de ti é regressar ao que não és tu, o teu olhar e as tuas mãos, a tua alma e a tua voz, e isso, meu amor, transformou-se no insuportável intervalo entre dois encontros. Esta carta de amor é um excesso (e isso prova superiormente que é uma carta de amor): eu amo não a ideia de amar-te (durante muito tempo, eu julguei que era apenas isso), mas a ideia de perder-me no meu amor por ti. E mesmo amar-te é um excesso, porque tudo aconselharia que eu me limitasse a mitificar-te, que é a melhor forma de evitarmos enfrentar a realidade. Porque a realidade, aqui, é como uma dor difusa, tu sabes como é, um incómodo ainda não localizado, que progressivamente se vai definindo e acertando, até que, insuportavelmente nítida, a sua imagem se nos impõe como uma evidência. A minha dor é que eu comecei a amar-te, sem o saber, durante aquele breve período de tempo em que sair de casa era a promessa reconfortante de ver-te e falar contigo. Eu não sabia, repito, mas o tempo ajudou-me a definir essa pequena dor, tão secretamente pavorosa: cada vez que estou contigo (cada vez mais, meu amor, cada vez mais) é como se a minha vida se virasse do avesso. E é verdade, é cada vez mais verdade, que, quando penso nas coisas que ainda me falta fazer na vida, é em ti que penso. E tenho medo, como um animal que instintivamente foge do que sabe não poder atingir.
Eu penso em ti, ainda mais do que te digo, e tu estás em tudo, mesmo quando não te penso, tu és a grande razão, o horizonte sem nome que constantemente se desenha na minha imaginação de mim. Há uns anos, este seria o momento de desmontar o discurso desta carta, de te mostrar os subtis mecanismos da alma e da máscara, de desdizer ironicamente o que já disse, de insinuar que, afinal, as-coisas-talvez-não-sejam exactamente-assim. Mas as coisas são exactamente assim, e a carta, que poderia transformar-se num confortável exercício paródico, é, inevitavelmente, uma agonia e um embaraço. Esta carta é um acto de puro egoísmo, que eu até talvez nem tivesse o direito de praticar.
É-te incómoda, necessariamente, e isso bastaria para que eu me abstivesse de a enviar, dentro de um envelope azul. Mas o azul fica-te tão bem, e as cores todas ficam em ti como tu ficas no mundo: exactamente.
António Mega Ferreira
Amor
Assírio & Alvim
- Ainda não percebi porque é que as tampas de esgoto desta cidade têm buraquinhos.
Não é muito agradável passar por cima delas.
- Ó, é para os cagalhões respirarem. Os cagalhões também são pessoas.
- ( ... )
- Quê? Nunca viste cagalhões que também são pessoas?
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