Já muito fragilizado, o poeta, que estava hospitalizado desde quinta-feira, teve ainda forças para escrever os nomes da sua mulher, a escritora Agripina Costa Marques, e da sua filha, Maria Filipe. E depois de Maria Filipe lhe ter sussurrado ao ouvido aquele que se tornou porventura o verso mais emblemático da sua obra — “Estou vivo e escrevo sol” —, o poeta escreveu-o uma última vez, numa folha de papel. Público
«Em qualquer parte um homem
discretamente morre.
Ergueu uma flor.
Levantou uma cidade.
Enquanto o sol perdura
ou uma nuvem passa
surge uma nova imagem.
Em qualquer parte um homem
abre o seu punho e ri.
Antologia Poética
António Ramos Rosa
Ed. Dom Quixote
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