Foram um dos primeiros apelos daquilo a que chamamos hoje "cultura de massa" ou "cultura pop" e têm grande responsabilidade sobre o modo como as mulheres se começaram a ver a si mesmas após os anos 40, embora vinte anos antes tenha sido o reflexo directo de uma época onde nunca antes se puderam ver tantas pernas nuas. No primeiro caso, as donas de casa descobriam que era possível posar para uma foto sem ter a alegre companhia de um fogão novinho ao fundo e, no segundo, era a explosão do furor depois de anos de crise.
Mas as imagens de mulheres com sentido erotizado têm as suas raízes um pouco antes das crises de 1919, que varreram o dinheiro de muitos bolsos de forma parecida ao que vemos acontecer hoje. No início do século XX, a tensão que reprimia as sensualidades do ocidente de modo radical (por exemplo, recomendavam-se cintos de castidade) começou a dar frutos, ou seja, uma sociedade sexualmente pervertida nascia. Fotos de moças nuas eram escondidas no armário enquanto os pulp fictions eram devorados por cenas de bondage e defuntas despidas.
O fenómeno, como o conhecemos hoje, tomou forma durante e, muito mais, depois da Segunda Guerra Mundial. Nos pós-guerra, artistas como Elvgren assinavam desenhos de mulheres em revistas, dividindo espaço com as fotografias: o que era para nunca ser mostrado em público descobria seu lugar no mundo, e como arte! Em pouco tempo, a aceitação de toda sociedade estava ganha. As mulheres descobriam uma fonte de informação porque, como as pin-ups eram as mulheres como os homens desejavam, logo elas descobriram como usar os trejeitos em proveito próprio, “contra” os homens. O vestuário modificou-se. Cintas-liga e grandes peitos viraram o que era o tornozelo nos anos 30: puro delírio.
Embora as origens das pin-ups guardem um fundo bastante obscuro, o que se viu naquele momento foi um tratamento dos desenhos como uma fonte sacana de humor e até de inocência, por isso as imagens foram abraçadas da forma que foram pela Revista Playboy; aquilo tinha tudo a ver com a linha editorial. Das páginas da Playboy, foi para a psique dos americanos, principalmente das elites. Sophia Loren e Marilyn Monroe eram quase personificações místicas. No Brasil havia a Vera Fisher com 18 anos e nua no cartaz do filme Superfêmea, desenhada por Benício.
Então veio o ostracismo. O advento da alta costura, da fotografia de moda e das modelos magrérrimas, as pin-ups perderam o sentido. Além do mais, mulheres em poses para agradar e sendo escravizadas por sutiãs de enchimento nada tinha a ver com a revolução social que acontecia. As mocinhas perderam o sentido que tinham e se tornaram peças machistas.
De repente, estão de volta. As mulheres continuam querer ser muito magras como dita a indústria e a tal vida saudável, mas relaxaram na sobriedade, equilibram as modalidades de poder em busca de uma feminilidade plena. Mais uma vez, mulheres semi-nuas, segurando sorvetes fálicos gigantes, de cintura fina e sorriso de quem não quer nada enquanto provoca tudo estão aqui para nos ensinar alguma coisa meio fascinante e meio depravada. A tendência retro apoia-se nos anos de ouro das pin-ups influenciando diretamente um mundo que se pensava demasiadamente material, demasiadamente sério.
VIA OBVIOUS.
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