ACERCA DAS VANTAGENS DO PROGRAMA ERASMUS #2
(certamente não calculas que, mas)
É à hora de todos os galos
( pela aurora )
que me assalta a maior das
nostalgias.
É de resto também a hora do raiar de todos os latidos entre a espécie canina e penso que talvez sejam estes animais em alarido a denúncia ao assalto que me opera
(por pessoas, lugares e flashbacks),
por entre réstias de sono e as vozes tão desagradáveis quanto dispensáveis do quarto ao lado. É engraçado como, se pousar o ouvido no colchão, consigo ouvir o bater
tum tum - tum tum - tum tum
do coração - que está um pouco acelerado (acho) já a estas horas da manhã.
Calculo que o fígado de um alcoólico acorde também com esta prematuridade e grite ao colchão uma sede sofrida, vigorando dignamente no
( pela aurora )
que me assalta a maior das
nostalgias.
É de resto também a hora do raiar de todos os latidos entre a espécie canina e penso que talvez sejam estes animais em alarido a denúncia ao assalto que me opera
(por pessoas, lugares e flashbacks),
por entre réstias de sono e as vozes tão desagradáveis quanto dispensáveis do quarto ao lado. É engraçado como, se pousar o ouvido no colchão, consigo ouvir o bater
tum tum - tum tum - tum tum
do coração - que está um pouco acelerado (acho) já a estas horas da manhã.
Calculo que o fígado de um alcoólico acorde também com esta prematuridade e grite ao colchão uma sede sofrida, vigorando dignamente no
Relatório de Todas As Vísceras E Outros Órgãos Precocemente Acelerados.
• Às cinco e quarenta e três da manhã de oito de março de dois mil e nove os pulmões de Maria anteciparam o pedido de uma inspiração que logo levariam a um suspiro que normalmente maria só usa depois de manter relações com o amante, dia sim dia não, depois das dezassete pontuais, em casa dele, ( perto do cemitério dos prazeres), que é onde maria vai enterrando alguns gemidos. hoje, por essa hora os pulmões de maria limitam-se a responder às suas divagações oníricas. Ao seu lado, repousa afinal o marido - cujo maior sinal de amor que lhe tem dado nos últimos tempos consiste na excursão dominical ao intermarché da terra. o maior sinal de fidelidade que ela lhe dá nos últimos tempos é continuar dignar-se acompanhá-lo e arrastar-se por entre tipos na casa dos vinte/trinta com jeans que acossam virilidades, a passear as namoradas extra-maquilhadas no corredor dos iogurtes, a gerar entediantes tertúlias em torno do último grito de champô. Tipos com jeans enfiados no cu na fila para comprar fiambre, tipos com jeans enfiados no cu a pesar abacates, tipos com jeans enfiados no cu a passear o cu. Não há nada mais deprimente que um intermarché de domingo à tarde.
• Às seis e seis da manhã de oito de março do ano da graça de dois mil e nove, a bexiga de josé pediu-lhe pela primeira vez no espaço de muitas noites passadas que fosse "já, vai já à sanita" e que "puxa o autoclismo, não te esqueças do autoclismo". ORA, josé nunca acorda durante a noite para urinar mas é sabido que a noite anterior foi a de sexta e nunca se recusa álcool a uma menina bonita como a Sexta À Noite, que é divertida, poliglota, conhecida em tudo quanto é canto de mundo.
• Às seis e quarenta e um da manhã de oito de março de dois mil e nove, esse ano de eremitismo totalmente voluntário, o coração de liliana aquece de nostalgia no meio de lençóis depois de invulgar ida à casa de banho.
ASSIM COMO
às seis e quarenta e um da manhã de oito de março de dois mil e nove numa cama diferente, Manuel, de meia-idade e desgraçado, deitado sobre os restos da noite anterior, tenta acalmar o fígado, dizer-lhe que não, que é cedo que me desgraças a vida e me hás-de matar, e o raio do pedaço nojento a dizer-lhe que Manuel está a fazer dele peixe fora de água.
Hoje, dizem, é "O Dia Da Mulher" e se me perguntarem - quem sempre tudo pergunta - o que hei-de fazer, mais nada terei para dizer que não um:
"Senhor, é bom que esteja recordado que me recuso a festejar qualquer celebração criada pela sociedade consumista ocidental para vender almofadas, chocolates e preservativos, e, porventura, alugar devotos de ginásio, envoltos em óleos, para tirar a roupa. Mas se quiser acompanhar-me, informo-o que hoje é um daqueles dias em que além de nostalgia, me assalta o coração e o estômago um desejo absurdo de um leitão tenro, oleado e igualmente despido, servido sobre cama de alface." ao que ele não saberá responder com mais que o habitual
"Sim Senhora".
Mas digo-lhe já " Se é dos que vai chorar antes de se decidir a devorar o animal, ao imaginar como a curta vida na pocilga terá sido feliz, decline já o convite". E talvez se parta dali para melhor.
Sonhei com um ciclo de cinema italiano antiquíssimo, numa Itália antiga e desaparecida (tu em melhores condições de o declarares). Ao lado, uma taberna irrealmente azul, munida de um espadaúdo taberneiro (e até um pouco amorfo, da idade) que com um bigode igualmente irreal me perguntou, rodeado de cartazes do mais belo cinema de Fellini, o que queria. É evidente que só queria dizer-lhe
"Senhor, é bom que morra depressa, que isto não tarda nada desaparece tudo e não vai querer ver."
(e ao ouvido:) --"Se eu fosse a si, ---morria já".
Sei que depois quis seguir dali para a Suiça e o mapa me disse que a Suiça não era mais que uma parcela de terreno verde e cultivado onde não cabiam mais que duas parelhas de vacas - Milka.
• Às seis e seis da manhã de oito de março do ano da graça de dois mil e nove, a bexiga de josé pediu-lhe pela primeira vez no espaço de muitas noites passadas que fosse "já, vai já à sanita" e que "puxa o autoclismo, não te esqueças do autoclismo". ORA, josé nunca acorda durante a noite para urinar mas é sabido que a noite anterior foi a de sexta e nunca se recusa álcool a uma menina bonita como a Sexta À Noite, que é divertida, poliglota, conhecida em tudo quanto é canto de mundo.
• Às seis e quarenta e um da manhã de oito de março de dois mil e nove, esse ano de eremitismo totalmente voluntário, o coração de liliana aquece de nostalgia no meio de lençóis depois de invulgar ida à casa de banho.
ASSIM COMO
às seis e quarenta e um da manhã de oito de março de dois mil e nove numa cama diferente, Manuel, de meia-idade e desgraçado, deitado sobre os restos da noite anterior, tenta acalmar o fígado, dizer-lhe que não, que é cedo que me desgraças a vida e me hás-de matar, e o raio do pedaço nojento a dizer-lhe que Manuel está a fazer dele peixe fora de água.
Hoje, dizem, é "O Dia Da Mulher" e se me perguntarem - quem sempre tudo pergunta - o que hei-de fazer, mais nada terei para dizer que não um:
"Senhor, é bom que esteja recordado que me recuso a festejar qualquer celebração criada pela sociedade consumista ocidental para vender almofadas, chocolates e preservativos, e, porventura, alugar devotos de ginásio, envoltos em óleos, para tirar a roupa. Mas se quiser acompanhar-me, informo-o que hoje é um daqueles dias em que além de nostalgia, me assalta o coração e o estômago um desejo absurdo de um leitão tenro, oleado e igualmente despido, servido sobre cama de alface." ao que ele não saberá responder com mais que o habitual
"Sim Senhora".
Mas digo-lhe já " Se é dos que vai chorar antes de se decidir a devorar o animal, ao imaginar como a curta vida na pocilga terá sido feliz, decline já o convite". E talvez se parta dali para melhor.
Sonhei com um ciclo de cinema italiano antiquíssimo, numa Itália antiga e desaparecida (tu em melhores condições de o declarares). Ao lado, uma taberna irrealmente azul, munida de um espadaúdo taberneiro (e até um pouco amorfo, da idade) que com um bigode igualmente irreal me perguntou, rodeado de cartazes do mais belo cinema de Fellini, o que queria. É evidente que só queria dizer-lhe
"Senhor, é bom que morra depressa, que isto não tarda nada desaparece tudo e não vai querer ver."
(e ao ouvido:) --"Se eu fosse a si, ---morria já".
Sei que depois quis seguir dali para a Suiça e o mapa me disse que a Suiça não era mais que uma parcela de terreno verde e cultivado onde não cabiam mais que duas parelhas de vacas - Milka.
8.MARÇO.2009
( pela aurora )
2 COMENTÁRIO(S):
É certo e sabido, minha cara, que os iogurtes produzem efeitos secundarios de amplitude devastadora. Desconhece-se exactamente o 'que' e o 'quando' podem desencadear este processo . No entanto, pensa-se que, quando em presença ou conjuçao fatores ambientais e biologicos caracteristicas ùnicas, como é o caso que descreve neste texto, levar ao desenvolvimento de tais comportamentos, e apartir dai, tudo pode acontecer.
Espero que um dia a ciencia possa vir a encontrar uma soluçao, a bem de todos.
Meu caro, estes tipos vestem os jeans antes de se deslocarem ao corredor dos iogurtes, que, eventualmente, hão-de comprar e ingerir. Logo, é-me de todo impossível concordar com o disparate que descreve.
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